Wednesday, December 17, 2008

PSICOLOGIA DA RELIGIÃO

PSICOLOGIA DA RELIGIÃO

Trabalho apresentado segundo as exigências
da disciplina de Psicologia da Religião, do
curso de Bacharel em Teologia, sob
a orientação do Prof. Luís Dias.

FACULDADE EVANGÉLICA DE TEOLOGIA
SEMINÁRIO UNIDO - OSWALDO CRUZ - RJ - 2002


A Importância da Experiência Religiosa e como ela se dá.

Os pesquisadores da História das religiões percebem um estado de consciência "espiritual" que foi vivido e ensinado por todos os fundadores das grandes religiões: Moisés, Buda, Jesus, Maomé ....Tocamos aqui a essência da religião, sobre as quais elas foram fundadas: a experiência espiritual.
Esta experiência, a única certeza que pode ter o ser humano, lhe permite de concluir que eu só posso ter certeza de duas coisas: minha existência e a existência de Deus. Experiência que a linguagem não pode descrever pois o sujeito fundiu com o objeto. Todas as grandes religiões da história têm no início, uma experiência espiritual de alta qualidade.
A terminologia é às vezes idêntica: o estado divino descrito por Moisés como "Eu sou quem eu sou" (Ex. 3, 12); a fórmula brahmanica hamsa so' ham "eu sou isso, isso eu sou"... A idéia é a mesma quando Jesus anuncia "o Pai é em mim como eu sou no Pai" (Jo 1, 38) ou "o reino dos céus está em vocês" (Lc 17, 21); ou ainda quando Al Allahj anuncia ana'l Haqq, "eu sou Deus" .

O Chamado de Deus

De acordo com o Professor Carl Keller a religião é o chamado de Deus para os seres humanos:
"A religião é a resposta dos humanos ao chamado do Ser infinito, do Princípio supremo, da Realidade Ultima quem faz-se conhecer, manifestar-se, revelar-se aos humanos."

A experiência religiosa de qualidade acontece quando os seres humanos restauram a capacidade de ouvir, sentir e conhecer nosso Pai Celestial ou o Espírito Santo, existem vários tipos de experiências religiosas produzindo resultados diferentes de acordo com o nível espiritual da pessoa.

"Por que a mente original do homem se dirige irresistivelmente para o bem? O motivo é que Deus, o sujeito do bem, criou o homem como seu objeto substancial para realizar a finalidade do bem. Por isto, o homem veio a encontrar o sujeito do bem no mundo transcendente de tempo e espaço. O que nasceu desta inevitável procura foi a religião."


Originalmente o homem foi criado de tal maneira que pudesse conhecer a vontade de Deus e viver de acordo com ela para sempre, experimentando o coração e o zelo de Deus como dele mesmo. Por isto, I Cor. 3. 16 diz: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o espírito de Deus habita em vós?" Enquanto João 14. 20 diz: "Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós".
Podemos raciocinar que se Adão e Eva, com individualidade aperfeiçoada, incapazes de pecar, tivessem estabelecido um lar e sociedade sem pecado pela multiplicação de filhos do bem de acordo com a bênção de Deus (Gn 1. 28), isto seria o Reino do Céu .
Neste caso não precisaria nenhuma providência da salvação nem religião, a experiência religiosa seria algo natural como qualquer filho convive e conhece seus próprios pais desde o nascimento e para sempre na eternidade, naturalmente todo a humanidade pertenceria na linhagem divina de Deus.

A Realidade do Mundo Invisível

William James pesquisou "A Variedade das Experiências Religiosas", o resultado de seus estudos é uma referência que comprova a importância e o processo das Experiências Religiosas.
A crença em um objeto invisível que está em nosso pensamento ou consciência influencia nossa atitude e comportamento pelo bem, os objetos de nossa consciência são coisas que nós acreditamos que existem. Os objetos são conhecidos só como as idéias, muito poucos crentes tiveram uma visão real do Salvador. Segundo ele, a religião é cheia de muitos objetos abstratos que têm poder de influência como os atributos de Deus: sua santidade, sua justiça, sua onisciência, os mistérios da redenção, os sacramentos...etc.
A coleção de biografias de experiências religiosas revelam que todas as pessoas religiosas tiveram uma visão ou uma percepção direta da verdade, ou da existência do Deus vivo ou seja o sentimento da presença Dele .
Uma pessoa preparada, terá uma experiência religiosa de boa qualidade, ela sentirá o amor infinito do Pai Celeste, a presença substancial do Deus vivo, é semelhante ao amor entre os pais e os filhos. Muitos sentem a comunhão ate mesmo a comunicação com Deus, isso deveria ser uma experiência comum se a queda não tivesse acontecido.

O que é Ser Ciente? ("Awareness")

Arthur J. Deikman disse que a experiência é dualística, não é o dualismo da mente e matéria, mas o dualismo de ser ciente (da "awareness") e o conteúdo da "awareness". A experiência consiste de um observador e daquele que é observado. Nossas sensações, imagens e pensamentos - nossa atividade mental - é parte daquele que é observado. O observador - Eu - vem antes, sem ele não acontece experiência de existência.
A psicologia ocidental não reconhece a identidade de "Eu" e "awareness", mas o fenômeno de "awareness" é confundido com o conteúdo. As filosofias orientais baseadas em meditações introspectivas enfatizam a distinção entre "awareness" e conteúdo. A filosofia Hindu Samkya diferencia o "self" de outras coisas, ou seja pensamentos, sensações, emoções e sonhos. "Awareness existe independentemente do conteúdo e esta "consciência pura" é acessível a todos.
Se "awareness" é independente do lugar e da realidade material também o "Eu" é desta forma .

A Cognição Espiritual

O Princípio da Unificação disse que o corpo espiritual, recebe "elementos de vitalidade" do corpo físico e, dá "elementos espirituais vivos" para o corpo físico. O corpo espiritual tem cinco "sentidos espirituais" que se desenvolvem baseadas no corpo físico, da mesma maneira que os impulsos elétricos circulam no interior dos nervos, há também fibras de nervos pertencendo ao corpo espiritual trabalhando e transmitindo os impulsos elétricos do corpo físico ao corpo espiritual e vice versa.
As vezes, pessoas espirituais outras que nosso próprio corpo espiritual podem ajudar nosso processo de cognição. A influência espiritual pode ser exercida nos três estágios de cognição: percepção (a sensação que produz a imagem na mente), cognição (a informação é conhecida e produz compreensão) e raciocínio (pensar livremente sem ver o objeto).
O Pensamento da Unificação diz que podemos experimentar o Coração de Deus e conhecê-Lo, por que temos sentidos espirituais .

O Ponto de Vista Acadêmico

Michel Meslin falando sobre as Religiões como uma consciência de pertencer a uma linhagem de crentes, herdeiros de uma tradição, que é a parte coletiva, mas ele fala também da importância da experiência religiosa individual. Que é um modo de relação entre o ser humano e, o que ele considera como, o absoluto. Então aparece a necessidade de analisar e compreender que esta relação produz no interior do homem seu conteúdo existencial. Como disse William James: "A religião de um homem, é sua própria atitude para o que ele considera como a verdade e o absoluto" .
Hoje em dia, nós observamos uma diminuição da pratica religiosa tradicional devido a uma crise das instituições, uma rejeição das regras éticas, mas por outro lado, há um desenvolvimento de muitos grupos religiosos em reação a um tipo de racionalismo. Acontece uma mudança do sagrado, antigamente determinado pelas instituições. Hoje, as pessoas não querem um só modelo de vida, a prioridade da experiência religiosa é mais procurada. Como por exemplo, o título do livro de Andre Frossard é significativo: Deus existe, eu O encontrei. Há como uma "intimização" do sagrado, que conhece novos lugares como a sexualidade, a genética, a bioética, o respeito do corpo, a não-violência, a proteção do meio ambiente... Isso não tem nada a ver com o ritualismo do passado.
Outro exemplo, um grupo de monges cristãos da ordem de São Bento concordam a dizer que a pratica da meditação zen é melhor que de assistir passivamente a santa missa .

Conclusão
As religiões são o resultado do trabalho da Providência de Deus, que é também o processo da Salvação da humanidade que desviou do Plano Original de Deus no momento da Queda de Adão e Eva. A experiência religiosa do fundador é sempre o fundamento do desenvolvimento de um movimento religioso que dura. No caso do Cristianismo, é muito importante para todos os cristãos de entender e seguir o modelo de Jesus Cristo e de construir uma experiência religiosa pessoal e de se tornar um com o Cristo, praticando seus ensinamentos e ser um modelo para os outros. Cada cristãos deveria ter uma experiência religiosa de renascimento, experimentar uma mudança profunda de vida, sob a influência do Espírito Santo, se comprometer de deixar aos maus hábitos decaídos, e praticar uma vida santa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DEIKMAN, Arthur. Jornal of Conscious Studies -
www.imprint.co.uk/jcs.html

GAST, Philippe. Analyse critique de la situation des mouvements
religieux - Pour en finir avec les sectes - Cesnur - Paris, 1996

JAMES, William. The Varieties of religious Experiences - The reality of
the Unseen - www.psychwww.com/psyrelig/james/toc.htm

KELLER, Carl. Qu'est-ce qu'une Religion?- Actualité Religieuse N°
160 - Paris - 1997

LEE, Sang Hun. Explaining Unification Thought - Unification Thought
Institute - New- York - 1981

MESLIN, Michel. Dieu dans tous états - Telerama Hors Série - Paris -
1996

MOON, Sun Myung. Princípios Divinos - AESUCM - São Paulo - 1997

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