Saturday, January 17, 2009

HISTÓRIA DA IGREJA ( I )

HISTORIA DA IGREJA (1)
Trabalho apresentado segundo as exigências do Curso de Teologia Catequética para leigos e religiosos, Pós-graduação Lato Sensu para portadores de diploma superior, sob a orientação da Professora Dra Marly Santos Mütschele


CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO - UNIFAI
VILA MARIANA - SP - 2004 - 2° SEMESTRE


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1) Contribuições Políticas dos Romanos
2) Contribuições Intelectuais dos Gregos
3) Contribuições Religiosas dos Judeus

A HISTÓRIA DE JESUS CRISTO
1) A Anunciação e o Mistério da Concepção de Jesus
2) O Nascimento
3) O Menino Jesus
4) O Encontro de Jesus com João
5) A Missão de Jesus
6) Jesus Ressuscitado

O PRIMEIRO PERÍODO - A IGREJA APOSTÓLICA
1) A Igreja Pentecostal
2) A Igreja entre os Gentios

O SEGUNDO PERÍODO - AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS
1) Idade de Identidade de Tempo Providencial
2) O Período da Perseguição pelo Império Romano

O TERCEIRO PERÍODO (313) ATÉ A QUEDA DE ROMA (476)
1) Controvérsias e Concílios
2) Os dirigentes deste Período

O 4° PERÍODO (476) ATE A QUEDA DE CONSTANTINOPLA (1453)

1) O Monasticismo
2) Alguns Benefícios da Vida Monástica
3) O Primeiro Papa Medieval, Gregório I
4) Império Romano de Carlos Magno
5) Divisão da Igreja, o Cisma de 1054
6) As Cruzadas, 1095 - 1270
7) O Declínio do Poder Papal

O QUINTO PERÍODO (1453) ATE A REFORMA (1517)
1) A Queda de Constantinopla, 1453
2) A Renascença
3) A Reforma Religiosa

CONCLUSÃO
Uma Nova Teoria da História



INTRODUÇÃO

A História da Igreja Cristã começou depois da ressurreição de Jesus Cristo. Segundo a visão do Princípio Divino a História do Antigo Testamento é a providência de Deus conduzindo o homem decaído a fazer um fundamento para receber o Messias. Quatrocentos anos antes de Cristo, a partir da profecia de Malaquias, o povo judeu voltou para Canaã, iniciando a reconstrução do Templo para preparar a vinda do Messias[1], na mesma época Deus preparou vários povos e figuras importantes como Buda, Confúcio e Sócrates.
Três grandes povos contribuíram a preparar providencialmente a vinda de Cristo.

1) Contribuições Políticas dos Romanos

a) A lei romana, com sua ênfase sobre a dignidade do indivíduo, no direito deste à
justiça e à cidadania romana, contribui a unificar os homens de raças diferentes numa só organização política.

b) Com o aumento do poderio imperial nos países ao redor do Mediterrâneo, foi criado um espaço de livre circulação e de propagação de idéias. Os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e Europa.

c) Os romanos criaram um ótimo sistema de estradas que iam de Roma a todas as regiões do Império.

d) O papel do exército romano no desenvolvimento do ideal de uma organização universal foi predominante; os provincianos entravam em contato com a cultura romana e ajudavam a divulgar suas idéias através do mundo antigo.

2) Contribuições Intelectuais dos Gregos

Foi graças à influência grega que, a cultura basicamente rural da antiga República
deu lugar à cultura intelectual do Império Romano.

a) O grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo que o Império Romano apareceu,
a língua universal. O dialeto de Atenas, conhecido como Koinê espalhou-se através do mundo mediterrâneo. Foi usado pelos cristãos para escrever o seu Novo Testamento e pelos judeus de Alexandria para escrever seu Velho Testamento, a Septuaginta.

b) Eles tinham pesquisas filosóficas sobre tudo que se relacionava com o homem,
Deus, bem, mal, e sua existência. Os filósofos gregos incentivaram as atividades intelectuais e levaram outros povos a pensar. Sócrates e Platão ensinavam, cinco séculos antes de Cristo, que este presente mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real, espiritual e eterno.

3) Contribuições Religiosas dos Judeus

Segundo a visão do Princípio Divino, se o povo judeu tivesse crido e servido Jesus a Providência da restauração teria sido completada naquele tempo[2], Jesus teria se tornado rei dos judeus, de acordo com a profecia de Isaias 9: 6,7, governando sobre o trono de Davi, transformando diretamente o judaísmo em Reino de Deus para sempre. Neste caso não teria a historia da Igreja Cristã.

A história do povo Hebraico ou Judeu no Antigo Testamento, é a expressão da providência divina de preparação para a vinda de Cristo, pois Deus queria mandar o "novo Adão", logo após a "Queda" no Jardim do Éden, mas devido as falhas repetidas das figuras centrais escolhidas como as famílias de Noé e Abraão. A história da restauração foi prolongada, o povo se tornou a nação de Israel, continuando as faltas de fé e a desobediência aos mandamentos de Deus, até que as condições foram realizadas para o nascimento do Messias, o "rei ungido". "O Judaísmo pode ser considerado como o botão do qual a rosa do cristianismo abriu-se em flor"[3].

a) Monoteísmo
O conceito do Deus único foi revelado através de Moisés contrariamente a maioria das religiões da época. O monoteísmo foi espalhado por numerosas sinagogas em volta do Mediterrâneo durante os três séculos anteriores à vinda de Cristo.

b) Esperança Messiânica
As escrituras hebraicas contem varias profecias alimentando a esperança dos judeus: segundo II Samuel 7: 11-16, o Messias nascerá da linhagem de Davi; Isaias 11: 1-10 anunciou que ele trará justiça e paz a toda a humanidade; Daniel 9: 24-27 revelou a cronologia para determinar a aparição do Messias. Antes do nascimento de Jesus, havia uma grande expectativa, ele será um descendente de Davi, carismático, libertador da opressão romana, ele restaurará a soberania e reinará sobre a nação de Israel[4].

c) Sistema Ético
Na parte moral da lei judaica, o judaísmo ofereceu o mais puro sistema ético através
dos Dez Mandamentos. Para os judeus, o pecado era uma violação da vontade de Deus, a salvação vinha de Deus.

d) O Antigo Testamento
As escrituras sagradas dos Hebreus constituem o Velho Testamento da Bíblia cristã,
incluindo os seguintes livros: a Tora, composto dos cinco livros de Moisés, o Nebiim, composto de Josué e dos profetas, o Ketoubim, composto das obras poéticas e outras.

e) A Sinagoga
Nascida durante o cativeiro babilônico, através dela, os judeus e também muitos gentios se familiarizaram com uma forma superior de viver. Foi o lugar em que Paulo primeiro pregou em todas as cidades por onde passou no itinerário de suas viagens missionárias. Foi ela a casa de pregação do cristianismo primitivo.

A HISTÓRIA DE JESUS CRISTO

1) A Anunciação e o Mistério da Concepção de Jesus
Maria recebeu a mensagem do anjo Gabriel anunciando que o Messias será
concebido por ela (Lc 1: 31); ela aceitou a vontade de Deus ( Lc 1. 38) e depois partiu imediatamente, apressadamente e entrou na casa de Zacarias (Lc 1. 40). Um teólogo, Sr C. A. Wainwright de Oxford ofereceu uma explicação da gravidez de Maria, que seria o resultado de uma cerimônia especial, um "casamento sagrado" entre o sacerdote e a virgem. Seguindo as instruções do anjo e do Espírito Santo, Maria ficou três meses na casa do sacerdote até a confirmação da gravidez[5].

Rev. Sun Myung Moon confirmou que Jesus foi concebido na casa de Zacarias, no discurso "Visão do Princípio da História Providencial da Salvação". Maria, Elisabete e Zacarias seguiram a revelação de Deus, e acreditaram incondicionalmente que isso era a vontade e o desejo de Deus[6].
A partir do momento que Maria deixou a casa de Zacarias, a vida de Jesus e de Maria sua mãe, se tornou difícil. A família de Zacarias deveria ter sido o muro de proteção para Jesus até o final.

2) O nascimento
O mundo cristão festeja o Natal mostrando Jesus nascido em uma manjedoura. É um local para animais. Este tipo de lugar, é um local para o nascimento do Filho de Deus, o Rei dos Reis? Você achou que Deus verdadeiramente queria ver seu Filho nascer em uma estábulo? Eu tenho certeza que Maria pensava que o Filho de Deus merecia deo melhor palácio.
Se Jesus tivesse começado sua vida reconhecido como o Filho de Deus, a história de sua vida teria sido diferente? Em verdade, ele teria sido tratado com o rei de Israel. Deus queria ver todos os grande sacerdotes se reunir para acolher a criança sagrada, então os chefes das doze tribos teriam competido para servir-lo enquanto ele estava crescendo, sua missão era se tornar Rei dos Reis[7].

3) O Menino Jesus
Jesus era uma criança solitária, freqüentemente saindo de casa
desacompanhado.Uma vez, seus pais lhe deixaram em Jerusalém, e voltaram a busca-lo só após três dias. Como é possível que os pais de deixem um menino jovem assim?
O relacionamento entre Jose e Jesus era complicado, distante e estranho; José como
padrasto não tinha relacionamento de sangue. Jesus teria desejado apoio de seus pais, irmãos e parentes. Ele era mal tratado, tendo seu coração cheio de dores. Ele não teve outra alternativa senão de fugir de sua casa aos trinta anos. Durante trinta anos, ele nunca pode expressar alegria com seus irmãos; enquanto eles eram alegres, ele ficava sempre calado, derramando lagrimas sem fim[8].

4) O encontro de Jesus com João
Eu tenho certeza que muitos leitores da Bíblia se perguntaram a respeito de João:
"Se ele era um homem tão grande, diante do Senhor, no espírito e poder de Elias como está registrado em Lucas 1: 17, porque ele não se tornou o primeiro discípulo do Filho de Deus? " Jesus indicou que a missão de João era de cumprir a segunda volta de Elias em Mt 11: 14.

Se João tivesse seguido Jesus, a liderança da sociedade teria sido a primeira a aceitar Jesus Cristo como o Filho de Deus. Então quem teria crucificado o Senhor da gloria?

O problema foi que Elias não voltou da maneira como o povo pensava, porque no Antigo Testamento estava escrito que ele subiu ao céu. Eles acreditavam que Elias voltaria descendendo do céu. A profecia de Malaquias se tornou obstáculo, porque se Jesus era o Messias, onde estava Elias? João negou e disse: "Eu não sou Elias, não sou profeta." Jo 1: 21. Porque ele sabia que Jesus era um marginal rejeitado pela sociedade, fazendo isso João bloqueou o caminho de Jesus, parecendo então, que Jesus era um impostor aos olhos do povo[9].

5) A Missão de Jesus
A finalidade da vinda de Jesus como Messias era realizar a providência da
restauração, conseqüentemente, o Reino do Céu na Terra devia ter sido estabelecido por Jesus. "Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5 : 48). Ele mandou que seus discípulos orassem para que a vontade de Deus fosse feita na Terra como no Céu (Mt 6 :10).

Quando as pessoas lhe perguntaram o que deviam fazer para executar as obras de Deus, Jesus respondeu dizendo: "A obra de Deus é esta: que acrediteis naquele que Ele enviou (Jo 6: 29). Se os judeus acreditassem que ele era o Messias, o que tanto Deus como Jesus queriam, será que poderiam tê-lo crucificado?

Podemos ver que a crucifixão de Jesus foi o resultado da ignorância e descrença do povo judeu, e não da predestinação de Deus para realizar a finalidade da sua vinda como Messias. I Coríntios 2: 8 diz: "Nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu isto, pois se tivessem compreendido não teriam crucificado o Senhor da glória"[10].

6) Jesus Ressuscitado
A maioria dos Protestantes liberais acreditam que a ressurreição é espiritual, não
física. A ressurreição na carne é contraria ao entendimento cientifico de nosso mundo moderno. Teólogos como Bultmann, Brunner insistem sobre a ressurreição do corpo (espiritual) de Jesus, sim; mas na ressurreição da carne não!

São Paulo diz em I Cor: 44 que o corpo natural, ressuscita corpo espiritual, ele encontrou o Cristo glorificado, na realidade espiritual, na estrada de Damasco.
Jesus apareceu como um espírito em Lucas 24: 37, aos discípulos que ficaram surpresos e atemorizados. Na estrada de Emaús, eles não reconheceram o Cristo ressuscitado até o momento em que comeram juntos, (Lc 24: 30) e, depois Jesus desapareceu da presença deles (vers. 31). Estes acontecimentos mostram que o corpo de Jesus ressuscitado era diferente do corpo terreno[11].

O PRIMEIRO PERÍODO - A IGREJA APOSTÓLICA

O primeiro período da história da Igreja começa no dia de Pentecoste, cerca de 30 d.C. até a morte de João em 100 d.C., o ultimo apóstolo de Jesus.

1) A Igreja Pentecostal
Judeus de todas as partes do mundo mediterrâneo estavam presentes em Jerusalém para a festa de Pentecoste. Por ocasião, 120 homens estavam reunidos no Cenáculo e receberam o dom do Espírito Santo. (Atos 2).

O Evangelho foi primeiro proclamado em Jerusalém pelos cristãos judeus, e depois levado a outras cidades da Judéia e da Samaria. Pedro pregou para três mil pessoas que aceitaram a sua palavra e foram batizados (At. 2: 41).
O crescimento foi muito rápido e logo a perseguição aconteceu; Estevão foi o primeiro mártir (At. 6,7).

2) A Igreja entre os Gentios
Paulo, que era um perseguidor de cristãos, recebeu uma revelação na estrada de Damasco (At 9: 3, 5), se converteu em 37 d.C. e foi chamado a pregar o Evangelho ao mundo gentio até aos confins do Império Romano. (Pm. 11: 13; 15: 16)

Surgiram dois grupos: os conservadores diziam não haver salvação fora de Israel, sem observar a Lei Judaica; e os progressistas compostos de gentios crentes em Cristo. Este assunto foi resolvido no Concílio de Jerusalém em 50 d.C.

Paulo é o principal iniciador junto com João, (autor do quarto evangelho), da doutrina sobre a necessidade da morte de Jesus na cruz para salvar a humanidade. Esta "Fé cristã" surgiu uma geração após a crucifixão; foi o resultado da necessidade de refutar a oposição dos judeus, que não puderam aceitar Jesus como Messias crucificado como um criminoso. Cristãos desenvolveram a crença que a morte de Jesus era o ponto central de sua missão[12]. O teólogo Küng disse ser evidente para todo mundo que a mensagem principal de Jesus era a proclamação iminente do advento do Reino de Deus.

Paulo estabeleceu igrejas em sete cidades, fez quatro grandes viagens e morreu martír em 68 d.C.
Destruição de Jerusalém e do Templo em 70 d.C.
Morte de João 98 d.C. Foi durante este período que se escreveram os últimos livros do Novo Testamento. O dia do Senhor era observado aos domingos, e a ceia era só para os membros.

O SEGUNDO PERIODO - AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS

Desde a morte de João, 100 d.C. até ao Edito de Milão, 313 d.C.
Neste período, o fato que mais se destaca na história da Igreja consiste na perseguição ao cristianismo por imperadores romanos.

1) Idade de Identidade de Tempo Providencial

Quando observamos o curso da história humana, freqüentemente notamos que certo
curso se repete. Os historiadores dizem que a história progride em uma espiral. Eles nunca descrevem a causa, mas é principalmente porque todos estes fenômenos originalmente se baseiam na providência divina da restauração por indenização. O Princípio da Restauração por Indenização foi descoberto pelo Rev. S. M. Moon e esta explicado na segunda parte do livro do Princípio Divino[13].

As idades de identidades de tempo se repetem porque a providência, para restaurar o fundamento para receber o Messias, está sendo repetida. Este fundamento se tinha perdido porque as figuras centrais falharam em cumprir sua porções de responsabilidade[14].

A providência da restauração de Deus, que é igualmente a providência da salvação, e que depende do cumprimento da porção de responsabilidade das figuras centrais, foi prolongada de Adão, a Noé, a Abraão, a Moisés, estendendo-se finalmente até Jesus. Devido à falta de fé do povo, Jesus morreu sem realizar o Reino do Céu na Terra. A providência da restauração está sendo prolongada até o tempo do Segundo advento.

2) O Período da Perseguição pelo Império Romano

Devido à falha de Abraão na oferta, Deus fez com que os israelitas se submetessem
à escravidão de 400 anos no Egito. (Gn 15: 13)

Da mesma maneira, os cristãos tiveram que suportar um período semelhante ao período de escravidão no Egito, afim de restaurar por indenização o fundamento de fé deixado sem realizar, devido ao fracasso do povo judeu em oferecer Jesus como sacrifício vivo. Foi este o motivo para o período de cerca de 400 anos de perseguição pelo Império Romano[15]. Em 313 d.C., Constantino promulgou o Edito de Milão, reconhecendo a liberdade de culto a todas as religiões. Em 392, Teodósio I declarou o Cristianismo a religião oficial do Império[16].

O TERCEIRO PERÍODO (313) - ATÉ A QUEDA DE ROMA (476)

Desde o Edito de Constantino, o fato mais importante neste período foi a vitória do
Cristianismo. Constantinopla se tornou a capital do Cristianismo. A partir do governo de Teodósio (395), o mundo romano foi dividido em Oriental (grego) e Ocidental (latino).

1) Controvérsias e Concílios
a) Nicéia (325) para resolver a disputa ariana. Ário, um ancião, líder da
igreja, em Alexandria, proclamou que Jesus não era Deus, mas era criado, diferente de Deus, intermediário entre Deus e o homem. Muitos crentes seguiram sua doutrina até fora do Egito; o bispo Hosius, pediu ao Imperador, a convocação do concílio de Nicéa, que foi o primeiro encontro de todos os Bispos da região. O bispo Atanásio ganhou, com a doutrina "homoousion", Cristo era Deus, o Filho e o Pai são da mesma substância. Os livros de Ário foram queimados, sua doutrina foi rejeitada. Ário foi excomungado como herege e exilado.
Até hoje a interpretação que Jesus não era Deus continua; varias denominações cristãs seguem a linha ariana como os Unitarianos[17], os Testemunhos de Jeová[18], os Unificacionistas acreditando na divindade de Jesus como Filho de Deus. O dogma "Jesus é Deus" é um dos maiores obstáculos de entendimento com as outras religiões. Jesus, sendo um só corpo com Deus, pode ser chamado de segundo Deus (imagem de Deus), mas de modo algum pode ser o próprio Deus[19].

b) Constantinopla (381) para afirmar a personalidade do Espírito Santo e a
humanidade de Cristo.
Apolinário exaltou a divindade de Cristo, mas minimizou Sua verdadeira humanidade; sua doutrina foi condenada no Concílio ecumênico de Constantinopla.

c) Éfeso (431) para enfatizar a unidade da personalidade de Cristo. Nestório rejeitava o termo theotokos (mãe de Deus) aplicado à Virgem Maria. Ele sugeriu a palavra Christotokos; Cristo era apenas um homem perfeito, moralmente associado à divindade. Os líderes da Igreja condenaram sua doutrina em Éfeso[20].

d) O Concílio de Calcedônia em 451, se empenhou a promulgar que Cristo era
"completo em sua divindade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem".

2) Os dirigentes deste Período:

a) Atanásio (293-373) bispo que ganhou contra Ário no Concilio de Nicéa
defendendo a tese que Cristo era da mesma substância com o Pai.

b) Ambrósio (340-397) bispo de Milão, pregador poderoso, teólogo e hábil administrador, queria que o Estado respeitasse os direitos da Igreja no reino espiritual.

c) João Crisóstomo (345-407) Expositor e Orador, patriarca de Constantinopla, asceta, inclinado ao misticismo.

d) Jerônimo (340-420) Comentarista e tradutor, foi para a Palestina, viveu num retiro monástico em Belém, por 35 anos, produziu a Vulgata (tradução latina da Bíblia).
e) Agostinho (354-430) Filósofo e Teólogo, polemista capaz, pregador de talento, administrador competente; ele criou uma filosofia cristã reconhecida até hoje. Bispo de Hipona, ele é apontado como um dos maiores Pais da Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas. A obra mais conhecida: as Confissões, uma das maiores autobiografias de todos os tempos. Uma outra grande obra, é o tratado De Civitate Dei conhecida com a Cidade de Deus[21].

Agostinho reconheceu a queda sexual da Adão e Eva, como a raiz do pecado da humanidade, conhecido como o pecado original. Ele deduziu que o ato sexual foi pecado[22]. Segundo o Princípio Divino, ele não compreendeu o plano original de Deus, que era que Adão e Eva "não coma do fruto" e esperassem até alcançar a maturidade, para ser abençoado em matrimonio sagrado. Baseada na sua interpretação, a Igreja Católica ainda acredita que a castidade é espiritualmente superior que ao casamento[23].

O 4º PERÍODO DE (476) ATE A QUEDA DE CONSTANTINOPLA (1453)

1) O Monasticismo

O monasticismo tornou-se um refúgio para os que renunciaram a sociedade
decadente e arruinada.

a) Antonio (250- 356) é geralmente visto como o fundador do monasticismo; ele
viveu solitário numa caverna, na região de Antioquia.

b) Basílio de Cesaréia (330-379), bispo da região de Capadócia popularizou a
organização comunitária; criou uma regra monástica da Igreja oriental.

c) São Bento de Núrsia (480-542), líder do monasticismo ocidental, se retirou para viver como eremita numa caverna perto de Roma. Fundou o mosteiro de Monte Cassino (529), e sua regra que ensina a pobreza, a castidade e a obediência se tornou padrão na Idade Média[24].

d) Os Cistercences, 1098. São Roberto a São Bernardo, esta ordem fortaleceu a disciplina dos beneditinos e deu ênfase às artes, à arquitetura, literatura, copiando livros.

e) Os Franciscanos, 1209. São Francisco, um dos santos mais devotos e amados. Eram conhecidos como "Frades Cinzentos".

f) Os Dominicanos, 1215. São Domingos. Ordem espanhola que se estendeu por toda a Europa. Eram pregadores, eram conhecidos como "Frades Mendicantes".

2) Alguns Benefícios da Vida Monástica

Os monges desenvolveram melhores técnicas na agricultura; a educação de nível superior, copiaram e preservaram manuscritos, relataram a história. Contribuíram para o trabalho missionário. Os mosteiros serviram de refúgios, hospitais e albergues.

3) O Primeiro Papa Medieval, Gregório I

A consagração de Gregório I (540-604) como bispo de Roma constitui
um marco que divide o período antigo da história da Igreja do período medieval. Sua maior obra foi ampliar o poder do bispo de Roma. Ele organizou o canto gregoriano; foi ainda um grande pregador. Deixou importantes obras literárias: um comentário do Livro de Jó, Magna Moralia, um Livro do Cuidado Pastoral. Teólogo destacado, um dos quatro grandes doutores da Igreja ocidental[25].

4) Império Romano de Carlos Magno

Carlos Magno (742-814), rei dos francos, tornou-se o imperador do Ocidente em
800, quando o Papa Leão III o coroou como Imperador dos Romanos. Segundo a visão do Princípio Divino, o Reino Cristão repetiu o período do Reino Unido do primeiro Israel, aproximadamente 800 anos depois de Abraão; o profeta Samuel ordenou rei a Saul, fazendo-o rei do primeiro Israel.

Se o segundo Israel desse tempo (o povo cristão) tivesse confiado no rei, o reino espiritual, que estava centralizado no papa, e o reino substancial (temporal), centralizado no rei, podiam ter-se unido e realizando o fundamento para a vinda do Messias. Não obstante, Carlos Magno falhou em cumprir a vontade divina, e repetiu o fracasso do rei Saul que se rebelou contra o mandamento de Deus[26].

Depois da morte de Carlos Magno, os três filhos dividiram as terras; Luís herdou a
porção oriental, Carlos, o Calvo herdou a porção ocidental, e a porção central ficou para Lotário. Mas os dois primeiros irmãos se uniram contra ele. A porção oriental se tornou o Santo Império Romano, depois que Henrique foi escolhido rei em 919; e seu filho Oto sucedeu e consolidou o Império.
Enquanto no primeiro Israel, os reinos de Saul, Davi e Salomão continuaram também por 120 anos, mais depois surgiu a divisão Norte e Sul.

5)Divisão da Igreja, o Cisma de 1054
No dia 16 de julho de 1054, os legados romanos, representando o papa Leão IX,
trouxeram um decreto de excomunhão contra o patriarca de Constantinopla, que condenou a Igreja do Ocidente pelo uso de pão não levedado na Eucaristia. O patriarca anatematizou o papa de Roma; foi o primeiro grande cisma no Cristianismo. A partir de então, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa têm seguido caminhos diferentes[27].

6) As Cruzadas, 1095 - 1270
Foi um grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da Igreja por quase trezentos anos. Numerosas peregrinações à Terra Santa foram organizadas e começaram as perseguições pelos maometanos. Na Europa manifestou-se o desejo de libertar a Terra Santa do domínio maometano. Desse impulso surgiram as Sete Cruzadas[28].

7) O Declínio do Poder Papal

Por causa de sua imoralidade, os papas e sacerdotes foram perdendo pouco a pouco
a confiança do povo. As derrotas nas Cruzadas também acarretaram o colapso da autoridade papal. O papa Bonifácio VIII entrou em conflito com o rei francês Felipe IV. O papa seguinte, Clemente V transferiu a Sé papal de Roma para Avignon em 1309. Inaugurou a era conhecida como "o Cativeiro Babilônico do papado"[29]. Até 1377, os papas viveram como prisioneiros durante 70 anos, sob a restrição dos reis franceses.

De acordo com os princípios da restauração, a história da era cristã é vista como a prolongação da providência do primeiro Israel, e podemos observar a "identidade de tempo providencial" para preparar de novo o fundamento para receber o Messias, o "novo povo escolhido" é o povo cristão ou Segundo Israel[30].

O QUINTO PERÍODO - (1453) ATÉ A REFORMA (1517)

1) A Queda de Constantinopla, 1453
Foi assinalada pelos historiadores como a linha divisória entre a Idade Média e a Moderna. Foi tomada pelos turcos otomanos e com sua queda terminou o período da Igreja Medieval.

2) A Renascença
A queda de Constantinopla levou muitos eruditos e manuscritos gregos à Itália para fugir à destruição pelos muçulmanos. Despertou um interesse pela cultura helenística dando origem ao humanismo.
O movimento antimedieval da Renascença, que ocorreu com o apoio do humanismo, menosprezava a conversão a Deus e a dedicação à religião, substituindo tudo pela natureza e o humanismo[31].

3) A Reforma Religiosa
Os homens medievais começaram a oferecer resistência às cerimônias, às regras
religiosas formais, à autoridade papal, que reprimiam a autonomia do homem. Repeliram também a vida de fé em que a razão e o intelecto eram postos de lado. O povo veio a repelir a atitude de fé ascética, fechada e isolada do mundo, ignorando a natureza, a realidade e a ciência[32].
Historiadores interpretam a Reforma como um movimento religioso, que procurou redescobrir a pureza do cristianismo primitivo, como descrito no Novo Testamento[33].

CONCLUSÃO

Uma Nova Teoria da História
A primeira parte da História do Cristianismo ou da Igreja vai até o final da Idade Média, durante 1500 anos, passando pelas catacumbas e as perseguições, se tornando a Igreja Oficial do Império Romano; a Igreja Oriental a Bizâncio; a Igreja da África lascerada pelas heresias; a Igreja das cruzadas contra o Islã e a igreja da Inquisição[34] ....
Do ponto de vista de toda a História da Restauração, a História da Igreja é o Terceiro Período; o Primeiro Período vai da família de Adão até a família de Abraão e o Segundo Período de Abraão até Jesus que é a Historia de Israel[35].

A segunda parte da História da Igreja que começou com a Reforma de Luther, em 1517, é o último estágio da restauração, que é o Período de preparação para o Segunda Vinda do Senhor que deve estabelecer o Reino de Deus na terra. A Segunda Vinda restaurará o homem ao seu estado original não só espiritualmente, como Jesus fez, mas também na carne.

Jesus veio como o segundo Adão. No entanto, Ele foi impedido de cumprir seu trabalho de restauração completo devido a descrença do povo, que resultou na Sua crucifixão. Ele cumpriu, no entanto, a restauração espiritual da humanidade. A restauração física da humanidade deve esperar até a Segunda Vinda do Senhor[36].


NOTAS:
[1] MOON, S. M. - Princípio Divino - p. 293
[2] MOON, S. M. Op. Cit., p. 173
[3] CAIRNS, Earle E. - O Cristianismo através dos Séculos - p. 34
[4] WATCHTOWER BIBLE - L´humanité à la recherche de Dieu - p. 232
[5] WEATHERHEAD, L. - The Christian Agnostic- p. 59-63
[6] MOON, S. M. - The Life and Mission of Jesus Christ - p 12
[7] MOON, S. M. Op. Cit., p. 15
[8] Idem - p. 17
[9] MOON, S. M. - The Life and Mission of Jesus - p. 26
[10] MOON, S. M. - Princípio Divino - p. 111
[11] KIM, Y.O. - Unification Teology - p. 151
[12] KIM, Y. O. , An Introduction to Teology - p. 132
[13] MOON, S.M. - Princípio Divino - p. 166
[14] MOON, S. M. Op. Cit., p. 277
[15] Idem. p. 294
[16] CAIRNS, E. E., O Cristianismo através dos Séculos - p. 101
[17] KIM, Y. O., "An Introduction to Theology" - p. 81
[18] WATCH TOWER AND TRACT SOCIETY - "L´Humanité à la Recherche de Dieu"- p. 276
[19] MOON, S. M., "Princípio Divino" - p. 157
[20] CAIRNS, E. E., "O Cristianismo através dos Séculos" p. 111
[21] CAIRNS, E. E., Op. Cit., p. 113
[22] BATTENHOUSE, R. W., "A Companion to the Study of St. Augustine" p. 385
[23] KIM, Y. O., "Unification Teology" - p. 90
[24] CAIRNS, E. E. - idem p. 125
[25] idem p. 135
[26] MOON, S. M. Princípio Divino - p. 306
[27] CAIRNS, E. E. Idem p. 167
[28] LEMOS, M. C. Apostila 2 parte p. 2
[29] CAIRNS, E. E. Idem p. 177
[30] MOON, S. M. Idem - p. 300
[31] Idem p. 336
[32] Idem p. 334
[33] CAIRNS, E. E. Idem - p. 225
[34] MALHERBE, M., Les Religions. - p. 36
[35] MOON, S. M. Princípio Divino - p. 328 - Diagrama do Desenvolvimento da
História do Ponto de Vista da Providência da Restauração.
[36] MATCZAK, S. A., Unificationism, A new Philosophy and Worldview.- p. 282



BIBLIOGRAFIA

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Michigan: Baker Book House, 1979

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos, uma História da
Igreja Cristã. - São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida
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KIM, Young Oon. An Introduction to theology. - New-York: The Holy
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KIM, Young Oon. Unification Teology. - New-York: The Holy Spirit
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LEMOS, Marcia Correia. Apostila da História da Igreja. - Rio de
Janeiro: Faculdade Evangélica Seminário Unido, 2001

MALHERBE, Michel. Les Religions. - Paris: Editions Nathan, 2002

MATCZAK, Sebastian A. Unificationism A New Philosophy and
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York: Watchtower Bible and Tract Society of New-York, 1990

WEATHERHEAD, Leslie D. The Christian Agnostic. - London:
Hodder & Stoughton, 1965

1 comment:

  1. Revdº. Christian,
    A Paz de Cristo.

    Fiquei muito contente, feliz e satisfeito com esta matéria de vossa autoria.

    Fraternal abraço.

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